One-shot - Meu verdadeiro herói

   - Falta só mais um trabalho... - Nancy balbuciou anotando em sua agenda, a morena passará a sexta-feira inteira fazendo trabalhos, no total eram três, dois já estavam completos... ou quase. Um dos que ela estava acabando, de geografia, exigia um mapa detalhado de todo o continente da África. A garota suspirou ao lembrar do maldito mapa, um verdadeiro pé no saco pra quem queria ter o sábado livre, já que: iria passar a noite e madrugada de sexta fazendo o terceiro trabalho que o prazo de entrega era segunda-feira. Por que fui deixar para fazer tão em cima da hora? Burra, burra! Nancy se repreendeu bagunçando os cabelos, nervosa. Ainda por cima nem estava em sua casa, e sim na de seus vizinhos. Os pais da garota haviam saído em viagem de trabalho e pediram para que os vizinhos, que eram amigos próximos, para cuidarem da filha durante a semana de viagem, obviamente eles concordaram. Não que Nancy não gostasse de seus vizinhos, pelo contrário, o Sr. e a Sra. Kotore eram considerados, pela garota, parte da família por se conhecerem há muito tempo. Quem ela não aturava era o filho mais novo do casal, Sora Kotore. Mesmo sendo apenas meses mais velho que Nancy vivia chamando a mesma de pirralha e de feto. Já o filho mais velho, Haruka Kotore, a garota adorava, ele a tratava como a irmã mais nova, mas Nancy nutria uma pequena paixão pelo mais velho desde que o mesmo a defendeu na escola quando estava no primário, a típica época que a maioria das crianças passam: garotas de sua sala xingavam-na e tacavam areia e lama nela quando a aula já havia acabado, atrás da escola, Nancy lembrava perfeitamente de como Haruka, que já estava quase entrando no ensino médio, apareceu e a salvou, mesmo que nunca correspondida nem vista com outros olhos pelo mais velho ela continuava amando-o secretamente, era seu herói e ela sempre estaria em dívida com ele.
-Flash Back ON-
- Ora, ora, quem são essas bruxas que ousam machucar minha irmãzinha? - Haruka disse calmamente atrás das garotas, isso foi o bastante para que as mesmas saíssem correndo sem dizer uma única palavra, mas Nancy, já naquela época, era muito orgulhosa e dura, depois de tantos mal tratos das garotas ela aprendera a se defender sozinha e de seu próprio jeito, então, mesmo machucada e suja a garota não derrubou uma lágrima sequer enquanto se levantava e limpava o vestido.
- Ei, Nancy, vem cá, deixa eu te ajudar... - Haruka tentou segurar seu braço mas a garota o puxou de volta bruscamente.
- Por que está me ajudando? - perguntou sem olhar para o rosto do mais velho.
- Que per..
- Eu posso cuidar de mim mesma! - a pequena Nancy o interrompeu, gritando. Naquele momento as lágrimas já desciam aos montes pelos rosto da menor que começou a soluçar. Mas, em nenhum momento, ela se atrevia a olhar nos olhos de Haruka, o orgulho era maior.
- Você é uma garotinha de aço, não é verdade? - Haruka riu de canto enquanto secava as lágrimas da garota com os polegares. - Mas... saiba de uma coisa... - ele levantou o rosto de Nancy, ela agora olhava nos olhos dele. - Você não pode esconder isso de mim, nem de ninguém da sua família, você não pode hesitar em me pedir ajuda ou dos professores, e se acontece algo pior? - dito aquilo Nancy desatou a chorar, soluçando, Haruka pegou a garotinha nos braços abraçando-a. - Prometa que nunca mais vai esconder isso de mim.
- P-prometo... - Nancy disse em meio aos soluços, encostada no ombro do mais velho que balançava de um lado para o outro, como se estivesse ninando a garotinha.
- Vamos para casa, O.K.? Nós vamos contar tudo o que aconteceu à seus pais.
- M-mas e se eles brigarem comigo? - Nancy levantou a cabeça que a segundos atrás estava apoiada no ombro de Haruka.
- Eles não irão brigar com você, só irão te dar uma bronca por não contar essa situação antes. Assim como eu fiz, agora vamos logo. - o mais velho abaixou a cabeça de Nancy deixando-a apoiada em seu ombro novamente, pegou a mochila da mesma do chão e os dois foram em direção ao portão principal.
- Haruka... - chamou Nancy.
- Diga.
- O que é "hesitar"? - Haruka riu ao perceber que havia usado aquela palavra com uma garota de nove anos.
- Você vai aprender mais tarde, vamos, meus amigos e Sora já estão nos esperando. - respondeu Haruka ao avistar os amigos juntamente do irmão mais novo que olhava um pouco preocupado para a garotinha nos braços do mais velho...
-Flash Back OFF-

   - Ei, Nancy! - Sora balançava a mão na frente do rosto da garota, mas esta estava tão mergulhada em suas lembranças que nem percebeu direito, quando se deu conta balançou a cabeça e piscou algumas vezes antes de encarar o garoto de cabelos brancos bagunçados.
- O que foi, Sora? - disse se espreguiçando, de olhos fechados, por um momento parecia ter adormecido em meio à suas memórias. O garoto deu uma risadinha sarcástica de canto.
- Pensando no corpo nu do meu irmão de novo, é? - disse sentando-se na mesa ao lado do notebook de Nancy, a mesma interrompeu a espreguiçada e abriu os olhos fuzilando Sora que retribuía com olhar e sorriso maliciosos.
- Eu você continua não tendo ninguém para te bater uma punheta, né? - o sorriso do garoto sumiu e ele abriu a boca para falar algo mas se impediu, era difícil ganhar uma briga de alfinetadas com aquela garota, eles se encararam por um tempo, Nancy apoiou os cotovelos na mesa e pousou o queixo no meio das mãos observando minuciosamente o rosto de Sora com um sorriso vitorioso estampado no rosto. Logo o garoto fechou a boca e deu um sorriso virando o rosto e suspirando.
- O.K., você venceu, hoje eu não estou afim de discussão... - virou-se novamente para encarar a dona dos olhos cor de mel.
- Você? - Nancy indagou incrédula - Sora Kotore não quer discussão? Desceu o santo em você foi, filho? - a mesma riu virando o rosto.
 - O que está fazendo?
- Vendendo manga, não está vendo? - pode até parecer uma resposta ignorante mas isso era uma brincadeira sigilosa dos dois, quando estavam fazendo algum trabalho escolar e as pessoas perguntavam, eles diziam que estavam vendendo alguma fruta, o vender era "fazendo trabalho" e cada fruta equivalia à uma matéria, uma brincadeira infantil mas com o tempo eles já não usavam mais o modo convencional.
- Manga era qual matéria mesmo? - indagou, pensativo.
- Geografia. - respondeu, indiferente, enquanto arrumava seus papéis em sua pasta.
- Hum... vai demorar muito? - Nancy parou de mexer em sua pasta e levantou os olhos para o garoto que a olhava de forma normal, inocente. Mas ela já conhecia o mesmo há muito tempo para ter certeza de que ele estava escondendo alguma coisa, mas ao passo que ela sabia o que ele estava escondendo, o mesmo também já sabia disfarçar bem as emoções em seu rosto para não deixar nada evidente.
- Por quê? - a garota deixou a pasta de lado para o encarar melhor. Sora virou o rosto e fechou os olhos.
- Hum... quero te levar a um lugar... - Ele abriu um dos olhos para ver a expressão da garota. Ela bufou e respondeu fingindo tristeza.
- Infelizmente eu tenho que fazer um mapa da África e isso vai me tomar a noite toda. - nem por um segundo ela deixou de olhar o garoto, sua teimosia gritava que ela devia descobrir o que o mesmo estava escondendo não importava como.
- Se eu te ajudar e terminarmos você vem comigo? - Sora se ofereceu rapidamente, Nancy franziu a testa de surpresa, o garoto nunca ajudava em nada quando se tratava da vizinha e agora estava se oferendo para fazer um mapa imenso. Nancy não conseguiu conter uma risada debochada, aquilo só podia ser piada.
- Desembucha, o que você está aprontando, Sora?
- Nada! - mas o garoto começou a rir e Nancy já não duvidava que tinha alguma coisa.
- Você está rindo, fala logo o que é!
- Estou rindo porque sua cara é engraçada e não porque estou escondendo algo, existe uma diferença!
- Você quer levar um tapa, né?
- Vamos Nancy! Por favor! Se você me deixar te levar aonde eu quero eu prometo que nunca mais te peço nada! - aquela era uma proposta tentadora para a garota, ela parou por um momento e analisou a situação, Sora estava com um bico enorme no rosto e com as mãos juntas quase implorando para a garota.
- Promete mesmo? - Sora se animou e assentiu.
- Sim, sim! Prometo que não pedirei mais nada! - Nancy estreitou os olhos, desconfiada, que ele iria aprontar alguma ela tinha certeza mas, por mais que tentasse, não conseguia imaginar nenhuma explicação para aquelas ações, todas as outras hipóteses não se encaixavam na situação. Fazer o quê? Agora vamos ver onde isso vai dar, pensou Nancy suspirando.
- O.K., então vamos começar logo esse mapa...
- Vamos! - Sora empurrou Nancy para o lado no banco da mesa de jantar, sentando-se bem ao lado e todo animado, como um cachorrinho, a garota riu com as ações dele.
- Sora, o que você está apron...
- Nada! Vamos começar logo! - ele interrompeu Nancy e começou a folhear o atlas da garota em busca do mapa que teriam que fazer.

*~*~*

     Passada meia hora desde que haviam começado o mapa Sora atropelou Nancy com a pergunta mais estupida que a mesma já havia ouvido:
- Nancy, África é um país ou continente? - ela olhou pra ele incrédula e com uma sobrancelha arqueada.
- Você está de brincadeira comigo, né? - Sora riu com a expressão da garota. A mesma deu uma risadinha e os dois voltaram a trabalhar no mapa.
- Mas é sério, África é um país ou continente? - ele perguntou de novo dessa vez com o rosto sério e Nancy nem hesitou em bater em Sora com o caderno de geografia.
- Ai, sua vaca! - os dois começaram a se bater com os materiais escolares.
- Para com isso, desgraçado! - Nancy ria loucamente enquanto batia no garoto com o caderno e ele batia em sua cabeça com o estojo que, no caso, estava aberto. - Sora! O apontador vai... - tarde demais, o apontador dentro do estojo se abriu, uma nuvem de restos de lápis se espalhou pelos dois, pelo mapa, pelo notebook, chão, banco, mesa e tudo mais por onde pudesse imaginar naquela sala.
- Ops... hê, hê... - Sora olhou para Nancy que o fuzilava o garoto com aquele olhar que ele odiava, quando ela queria, aquela garota sabia como intimidar alguém. Ela suspirou e num movimento rápido virou o caderno bem no meio do rosto de Sora amassando seu nariz.
- Idiota! Agora vamos ter que limpar tudo isso e.. - ela parou e pensou um pouco. - Depois vai ser muito tarde para você me levar aonde quer... - Ela deu um sorriso maquiavélico para Sora que por um segundo percebeu o que tinha feito e rapidamente começou a limpar a sujeira, Nancy começou a rir.
- Me ajude, sua vaca! - Sora esbravejou.
- Eu não! A culpa foi sua, se vira! - Ela cruzou os braços e as pernas e encarou o garoto que queria dar um tapa naquele rosto tão... tão... teimoso.
- O.K., eu limpo, mas você vai terminado o mapa.
- Tudo bem! - ela se virou de volta ao trabalho e, pelos deuses, como ela estava se divertindo fazendo-o de bobo mas também estava muito curiosa sobre o que ele estava planejando pra ir tão longe a ponto de limpar a bagunça que nem foi ele que começou. Parou por um momento o que estava fazendo e olhou o garoto, ele estava com um olhar preocupado, como se realmente tivesse acreditado no que ela disse sobre ficar muito tarde.
- Ei... - Nancy levantou o queixo de Sora fazendo-o olhar para ela. - Eu estava brincando quanto a ficar muito tarde, você vai me levar nesse lugar nem que seja duas horas da manhã, tudo bem? - ele sorriu, por um momento era um sorriso sincero e feliz mas logo se transformou em um malicioso.
- Vejam só, Nancy Collins tendo compaixão por mim, que coisa mais inusitada! - ele cruzou os braços dando um sorriso debochado. Nancy enrubesceu e ficou com raiva, mesmo tentando ser legal e gentil aquele maldito sempre ia ser uma praga. Ela virou o rosto e voltou ao trabalho, enquanto o garoto ria e continuava a arrumar as coisas.

*~*~*

     Finalmente haviam acabado, para fazerem o mapa inteiro tiveram de colar quatro folhas de papel vegetal juntas, mesmo com uma folha daquele tamanho algumas partes do mapa ficaram um pouco confusas, mas naquela hora eles nem se importavam mais.

- Minhas mãos estão latejando. - disse Sora recostando-se no banco.

- As minhas também, mas finalmente terminamos. - Nancy começou a guardar os materiais. - Me ajude, seu preguiçoso! - Sora franziu a sobrancelha abriu e fechou a boca como um peixe, um peixe incrédulo, depois de ele ter a ajudado tanto ela ainda o chama de folgado? É isso que você ganha por ser gentil, pensou e foi ajudar a garota.

     Por um momento ele parou e olhou o relógio na parede, 23:10 essa não, havia passado muito tempo e tinham apenas cinquenta minutos para que arrumassem tudo e fossem até o local. Sora ficou um pouco desesperado.

- Nancy, você vai tomar banho? - perguntou, virando-se para a garota.

- O quê...? - Nancy respondeu, confusa.

- Você vai tomar banho antes de sairmos?

- Vou, claro.

- Então vai, eu termino aqui! - Sora disse empurrando Nancy para fora do banco. - Vai, vai!

- Mas por quê? Estamos atrasados?

- Não temos muito tempo, vai logo, eu arrumo o resto! - ela já estava subindo as escadas quando parou.

- Você não vai tomar banho também?

- Vou, mas eu sou mais rápido que vocês, mulheres, agora vai logo! - Sora nem olhou para Nancy, continuou apagando algumas linhas a mais do mapa, tomando cuidado para não apagar alguma coisa errada. Nancy estava prestes a dar uma resposta bem ignorante mas Sora a fuzilou com o olhar e ela subiu a escada em direção ao banheiro.

     Sora acabou rapidamente os detalhes do mapa e arrumou o restante do material deixando em cima da mesa, desligou o notebook, tirou as sujeiras de lápis e borracha e colocou o trabalho em algum lugar onde não acontece nada a ele. Com tudo arrumado na sala foi para a cozinha pegar as coisas para o pique nique noturno o qual ele levaria Nancy, era isso que ele estava planejando, mas naquela noite haveria algo a mais.

Sora já tinha parte da comida dentro da cesta, faltavam os sanduíches, os sucos e claro os dois pedaços de cheesecakes, o doce favorito da garota. Ele havia escondido os pedaços bem fundo na geladeira porque ele sabia que se Nancy visse nem hesitaria em devorar o doce. 

     Juntou tudo que restava de comida, pegou uma toalha de mesa e colocou dentro da cesta, estava pronta. Agora só faltava ele mesmo ficar pronto. Deixou a cesta pronta em cima da mesa de jantar e correu para o andar de cima a tempo de trombar com uma Nancy apenas de toalha saindo do banheiro, não conseguiu desviar e acabou caindo em cima dela. Ficou vermelho na mesma hora assim como a garota que o olhava furiosa.

- SAI DE CIMA DE MIM, PERVERTIDO! - ela gritou e Sora saiu em um salto, ele estendeu a mão para ajudá-la mas ela apenas deu um tapa na mesma e se levantou sozinha. Virou pra ele e gritou novamente: - NÃO VAI NEM AO MENOS PEDIR DESCULPAS?!

- D-DESCULPA! - Sora gaguejou  de volta e os dois ficaram nariz a nariz se encarando por um tempo, até que eles não aguentaram e começaram a rir da situação.

- Por que estava correndo, seu demente? - Nancy perguntou jogando a franja molhada para trás.

- Ah, sim! Nancy, a partir de agora não saia do quarto até eu chamá-la. - Sora disse empurrando Nancy até o quarto de hóspedes.

- Por quê?

- Porque sim, teimosa! Não discuta! - ele fechou a porta na cara de uma Nancy confusa só de toalha. Por que eu ainda tento entendê-lo?, pensou ela indo vasculhar seu armário.

     Estava frio naquela noite, depois de vestir a lingerie simples pegou a calça jeans favorita e uma camisa branca de abotoar, por cima colocou um moletom marrom e calçou o all-star preto de cano alto. Se olhou no espelho ao lado do armário. Desembaraçou o cabelo com uma escova e agitou a cabeça pra cima e para baixo para desarrumar, como sempre fazia, arrumou a franja para a esquerda e prendeu um pequeno laço vermelho-sangue na lateral da cabeça.

     Colocou seus brincos e o colar simples e estava pronta. Só faltava colocar o cachecol bege, mas onde ela o havia colocado? Vasculhou dentro do armário, na cômoda ao lado da porta e até debaixo da cama, foi quando lembrou que em uma das típicas brincadeiras idiotas de Sora ele havia jogado o cachecol para cima do armário e Nancy não o pegara por pura preguiça. Pegou a cadeira da escrivaninha e posicionou-a abaixo do armário, subiu, mas era muito baixa e ainda não alcançava a parte de cima, abriu o armário e, mesmo sendo perigoso, pisou em uma das prateleiras de dentro do armário, colocou uma das mãos na borda de cima do armário e tirou o outro pé da cadeira, ficando suspensa, com a outra mão começou a apalpar a superfície de cima do armário, sentiu o cachecol mas ainda não conseguia pegar direito.

- Nancy? Está pronta? Temos de ir... - Sora disse adentrando o quarto, colocou a cabeça para dentro e viu a garota agarrada ao armário e a prateleira a qual ela estava pisando quase virando.

- Peguei! - Nancy levantou a mão com o cachecol no momento em que a prateleira virou. Ela teria caído se Sora não tivesse sido rápido e segurado ela pelas pernas. 

- SUA LOUCA! O QUE ESTÁ FAZENDO?! - Sora se afastou do armário quase tropeçando na cadeira e jogou Nancy na cama.

- Pegando meu cachecol que VOCÊ jogou em cima do armário! - ela arrumou os cabelos e enrolou o cachecol no pescoço deixando as pontas para traz. - Está pronto? Podemos ir? - ela disse se levantando, animada. Sora suspirou e passou a mão entre os cabelos, ele usava uma calça jeans larga, camiseta azul simples por baixo de uma jaqueta de couro preta, os cabelos brancos estavam bagunçados como sempre, desde que assistira um certo anime ele decidiu pintar os cabelos da mesma cor do protagonista, o cabelo brilhava como se fosse feito todo de prata e Nancy achou que bagunçado daquele jeito o deixava com um ar muito sexy... logo depois se repreendeu por ter um pensamento tão idiota como aquele.

- Sim, vamos logo, temos apenas... - olhou no relógio de pulso e arregalou os olhos ao ver as horas - 15 minutos para chegarmos lá! Vamos embora! - agarrou o pulso de Nancy e saiu correndo escada a baixo, quase caindo ao chegar no último degrau, ele saiu em disparada para fora e foi até a garagem. - Tranque a porta Nancy, por favor! - gritou de fora da casa. Nancy pegou as chaves de cima da mesa de entrada e trancou a porta, Sora apareceu com sua bike na frente da garota, que olhou incrédula para o veículo, levantou uma sobrancelha e encarou Sora.

- Sério? No quesito automóvel de encontro você tirou zero. - a garota disse.

- Para de reclamar e sobe logo! - parou por um tempo e continuou - E isso NÃO É um encontro!

- Você está me levando para algum lugar que eu não sei qual é, vamos apenas nós dois, e pelo visto será um piquenique noturno. - Nancy disse contando nos dedos e olhando para a cesta que Sora deu para ela segurar, subiu na bike, sentando de lado, e finalizou: - Isso É um encontro. - se segurou na jaqueta do garoto enquanto esse pedalava rapidamente.

- Calada até chegarmos! - Sora estava corado, Nancy riu enquanto espiava dentro da cesta de piquenique - E pare de espiar dentro da cesta.

- Sim senhor, Capitão Nascimento, senhor! - respondeu imitando a cena de um filme.

*~*~*

     - Chegamos! - disse Sora, ofegante, assim que terminaram de subir uma colina, estavam no ponto mais alto daquele lugar, era uma clareira rodeada de árvores de cerejeiras e árvores comuns, uma brisa noturna e leve balançava as folhas das árvores e espalha pétalas de cerejeiras pelo ar, mas estava vazio, as outras pessoas estavam na base do lugar, era possível ver tudo abaixo do ponto onde estavam. Nancy saiu da garupa e olhou em volta.

- Então? Por que estava tão apressado se está vazio aqui? - Sora terminou de estacionar a bike e foi em direção a garota.

- Eu não vim rápido para pegar lugar, eu sabia que nesse ponto estaria vazio. - respondeu o garoto pegando a toalha de dentro da cesta e estendendo-a no gramado.

- Então porque veio tão rápido? - a garota indagou, já estava nervosa de curiosidade, se ajoelhou na toalha e foi tirando as comidas de dentro da cesta e espalhando-as pela toalha. Sora riu da impaciência da garota.

- Já te explico. - quando percebeu que as únicas coisas que faltavam para serem tiradas eram os cheesecakes tomou a cesta da garota e colocou de lado.

- Ainda tinha coisa lá dentro. - Nancy disse apontando.

- Eu sei, mas aquilo é uma surpresa.

- Pra que tantas surpresas? Me diga logo o que está acontecendo! - Sora olhou no relógio e faltavam três minutos para meia-noite, então começou a falar:

- Lembra quando éramos pequenos e anunciaram no jornal que teria uma chuva de meteoros que poderia ser vista daqui? - Sora olhou a garota e a mesma assentiu, ele virou o rosto e continuou - E você queria muito ir ver mas no dia você ficou doente e até desmaiou, tendo que ficar internada? - Nancy assentiu novamente - Então, anunciaram segunda-feira no jornal que haveria outra chuva de meteoros... hoje... - Sora olhou para Nancy sorrindo e a mesma estava com um sorriso enorme no rosto - E vai começar... - olhou no relógio, meia-noite em ponto - Agora! - ele e Nancy olharam para cima e diversos pontos de luz começaram a cruzar o céu noturno, a noite nunca estivera tão limpa e estrelada como hoje, cada vez mais pontos cruzavam o manto negro e Nancy estava tão animada que não parava de sorrir, se levantou, ficando de costas para o garoto deitado na toalha, e começou a dar pulinhos de animação. A brisa balançava naturalmente o cachecol e os cabelos de Nancy. Sora admirava a garota enquanto mordia um sanduíche, há tempos não via ela animada daquele jeito, sempre fora tão fechada, orgulhosa e dura, todos tinham um certo remorso por ela, ninguém a conhecia de verdade. Mas Sora sim, ele sabia que aquela faxada de garota orgulhosa era mentira, que ela era uma garota hiperativa, animada e por vezes lenta.

- Sora... - Nancy chamou o garoto sem olhar para trás, esse terminou o lanche, se levantou e foi até a ela, que ainda olhava fixamente os pontos que desciam pelo céu, foi então que percebeu as lágrimas que caiam por seu rosto, ela virou-se para ele sorrindo, um sorriso infantil mas alegre assim como suas lágrimas - Obrigada. - ela foi em direção ao garoto e o abraçou fortemente, o mesmo retribuiu mais forte ainda levantando-a do chão. - S-Sora, você... E-... EU NÃO CONSIGO RESPIRAR, PORRA! - o mais velho caiu na gargalhada colocando a menina no chão que respirou fundo antes de dar um soco no braço de Sora.

- Você é uma garota de aço não é verdade? - Sora riu enquanto secava as lágrimas de Nancy com os polegares, ela se espantou e um sentimento de déjà vu se espalhou pela mente da mesma - Vamos comer? - Sora virou de costas indo em direção à toalha.

- S-sim, vamos... - Nancy o seguiu e os dois se sentaram, estranhamente não conseguia se lembrar de onde vinha aquele pressentimento, foi comendo devagar, tentando se lembrar.

- Tudo bem? - Sora inclinou a cabeça afim de ver melhor o rosto da garota, ela assentiu sem prestar muita atenção e logo voltou a realidade, piscou algumas vezes e disse que só estava perdida em pensamentos, fazendo o garoto rir - Lembra que quando era pequena as garotas da nossa sala viviam te enchendo o saco?

- Por que está lembrando disso agora? - Nancy disse cruzando as pernas e pegando um copo de suco.

- Não sei, é que eu acho que eu te devo desculpas por aquela vez, atrás do colégio lembra? Quando elas ficaram te tacando areia e lama.

- Me deve desculpas por...?

- Por ter sido um covarde, tudo que eu fiz foi ir chamar meu irmão porque achei que não conseguiria fazer nada. - Naquele momento Nancy parou de tomar o suco, ela ficou estática.

- Espera... você estava lá? - Sora deu uma risada nervosa.

- Sim, eu estava acompanhando aquelas garotas desde o recreio, meu plano era impedir que elas fizessem algo a você, mas elas perceberam e quando eu fui enfrentá-las elas me prenderam no quarto do zelador, quando consegui sair elas já haviam te encurralado, tudo que eu fiz foi chamar meu... - Nancy já não ouvia o que ele dizia, suas memórias estavam embaralhadas e confusas, não tinha sido realmente Haruka que havia salvado ela, tinha sido Sora. Ele que estava tentando proteger a garota desde o início, as lágrimas já haviam voltado aos olhos da mesma - ... Então.. - o garoto foi interrompido por Nancy que se atirou em cima dele, abraçando-o e dizendo:

- Foi você... sempre fora você! - Nancy o abraçava cada vez mais forte. Sora estava estático, não se moveu.

- E-Eu o quê? Nancy? - a garota se afastou um pouco com os olhos marejados, sorrindo e olhando detalhadamente cada canto do rosto de Sora, agarrou a gola de sua jaqueta e o beijou. Um beijo calmo e animado no começo mas que, ao passo que Sora pediu passagem com a língua e Nancy concedeu, se tornou urgente e apaixonado. Sora agarrava a cintura da garota com uma das mãos enquanto a outra estava afundada nos cabelos controlando o beijo. Nancy por sua vez estava agarrada as costas de Sora e fincava suas unhas na nuca do garoto. Os dois se moviam nos lábios um do outro como se aquilo já tivesse de ter acontecido fazia muito tempo, quando o ar se tornou necessário eles se separaram com as testas encostadas, ofegantes. Não deixavam de se olhar nem por um momento sequer. As lágrimas não paravam de cair pelo rosto de Nancy.

- Você... seu maldito desgraçado, você que sempre fora meu herói.

- E você é bipolar, sua vaca. - Os dois riram e Nancy depositou um selinho nos lábios de Sora.

- Tsc.... idiota.

- Eu quero outro beijo. - Sora disse sorrindo maliciosamente.

- Não. - Nancy respondeu direta e reta, o sorriso de Sora sumiu e ele estava confuso.

- P-Por quê?- gaguejou, dengoso.

- Porque você prometeu que não me pediria mais nada, nunca mais. - respondeu Nancy rindo.

- Há, há, muito engraçado! Pois saiba que, agora, eu não preciso de sua permissão.- Sora se gabou tomando os lábios de Nancy que pensou em protestar mas sua mente já estava sobrecarregada então apenas deixou-se levar por aquele beijo e pelo aroma que o garoto emanava, viciante e doce, o aroma de seu herói, seu verdadeiro herói ♥

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Quem se atreveu a ler até aqui por favor deixe um comentário, mesmo que esse seja um blog pessoal e que  eu tenha apenas 7 seguidores eu vou divulgar essa one-shot em meu outro blog e queria que comentassem, eu gosto quando as pessoas falam das minhas histórias, viu?

Ah, e gostaram do novo layout? Deu um trabalho da porra pra arrumar mas valeu a pena.

Como eu realmente amei escrever essa fic eu vou fazer alguns desenhos em relação a ela mais tarde, então aguardem!

Beeeeeijos, Neko!